Confira a sequência didática da atividade que fizemos com a turma há poucos dias.
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Conteúdo:
- Escrita: crônica
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Objetivos:
- Desenvolver a capacidade escrita do aluno
- Formar pensamento crítico sobre fatos do cotidiano
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Processo:
- Explicar a proposta da atividade aos alunos
- Ler cinco crônicas produzidas pelos bolsistas sobre
o lugar onde eles moram
- Distribuir cópias dessas crônicas para a turma
- Pedir que cada um desenvolva seu texto utilizando as
crônicas lidas como modelo
- Acompanhar a produção da turma, orientando e
esclarecendo dúvidas
- Recolher os textos produzidos
- Em casa, os bolsistas irão selecionar os 3 melhores
textos, considerando os seguintes critérios: coerência, coesão, criatividade e
adequações gramaticais.
- Em sala de aula, a turma deve votar no melhor texto dentre os 3 melhores.
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Recursos:
- Papel, caneta, lápis e borracha.
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Duração
- Duas aulas
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Avaliação:
- Os trabalhos realizados servem como parte das
avaliações da disciplina.
Confira as 3 melhores crônicas que nós selecionamos:
O texto mais votado pela turma foi o de Naiara, intitulado "Minha segunda casa".
PARABÉNS, NAIARA!
Veja abaixo as crônicas feitas por nós, bolsistas:
MORADA
Autoria: Bruna Leal
Moro em Santo
Antônio de Jesus, na Bahia, há aproximadamente 13 anos. Nasci em Salvador/BA,
morei uns 5 anos em Varzedo/BA, parei em Santo Antônio e fiquei. Eu e minha
família gostamos muito dessa cidade. Acho que Salvador é uma cidade muito
agitada, Varzedo é uma cidade muito parada e Santo Antônio de Jesus é o
meio-termo. Gosto do lugar onde moro porque tem essa mistura de agitação e
quietude. O comércio é relativamente movimentado durante a semana, e aos
sábados, tenho a impressão de que o movimento aumenta ainda mais. Moro no
centro, na Rua Antônio Fraga. O comércio central fica a 5 minutos de minha
casa. Um dos motivos que me fazem gostar de morar nessa rua é a distância para
chegar ao centro comercial. Não preciso utilizar transporte para comprar algo
nas lojas do comércio.
Não sou
daquelas que costumam tratar vizinhos como confidentes. Trato muito bem todos
os meus vizinhos e estou sempre disposta a ajuda-los caso seja necessário, mas
não gosto de compartilhar meus assuntos particulares com eles, primeiro, porque
não acho necessário, já que tenho minha família para isso, segundo, porque não
consigo confiar em qualquer pessoa. É como diz o ditado popular, cuja autoria
desconheço: “Confiança não se dá nem se toma emprestada, conquista-se.”
Confiança não se adquire de uma hora para outra. É preciso ter cautela ao
trocar confidências com alguém. Eu sou muito cuidadosa nesse sentido.
Eu tenho
vários tipos de vizinhos. Vou citar algumas características com base no que
percebo superficialmente. Alguns são atenciosos e preocupados demais. Certa
vez, eu estava indo para o trabalho, por volta das 6 horas da manhã, e uma
senhora, que mora na minha rua há mais de 30 anos, disse que era para eu evitar
usar bolsa naquele horário porque era perigoso por conta de assaltos. Eu ouvi
aquela senhora e no dia seguinte fui sem bolsa. Eu acho que vizinhos, às vezes,
agem como anjos. Alguns dos vizinhos, posso dizer a maioria, são extremamente
curiosos. Esses estão sempre dispostos a ouvir as lamúrias e alegrias dos
outros. Têm disposição também para manter os outros informados sobre tudo o que
acontece na rua e na cidade. Às vezes, uma ida ao supermercado costuma me
deixar bem informada, mesmo quando não quero. Não sei se isso acontece só na
minha rua, mas percebo que esses mercados menores de bairro costumam sediar
muitas fofocas.
Não me
imagino morando em outro lugar. Não penso em voltar para Salvador, a não ser
que surja alguma oportunidade profissional muito boa. Salvador não foi feita
para mim. Santo Antônio de Jesus, sim, apesar de algumas limitações, como falta
de atenção do poder público municipal à cultura e lazer. Na minha visão, os
problemas existentes em Santo Antônio, incluindo violência e criminalidade, são
menores se comparados aos de Salvador. Santo
Antônio de Jesus foi o lugar onde me encontrei e onde me reconheço todos os
dias enquanto cidadã, filha, estudante e profissional.
MINHA
COMUNIDADE, MINHA VIDA
Autoria: Arenilda Peixoto
Vivo em um lugar onde tudo parece tranquilo, calmo. As
pessoas se gostam, se cumprimentam, dão bom dia, até logo, vá em paz. Entretanto,
por trás dessa calmaria toda existe algo que vem tirando o sono dos moradores
da minha pequena comunidade. Esse mal que assola a todos é chamado de
violência. Ela é tamanha que as pessoas não se sentem seguras dentro de suas
próprias casas.
Lembro-me que quando criança meu maior sonho era ter um
celular para sair caminhando pelas ruas com um fone ouvindo músicas para tentar
esquecer um pouco dos problemas da vida. Hoje tenho o aparelho e não posso
fazer isso por medo de ser assaltada. Logo, pergunto-me: Como pude deixar que
interrompessem meu sonho? Como assim? Não entendo o porquê, mas sou obrigada a
aceitar essa condição que a mim foi imposta.
O lugar onde moro é uma comunidade rural que cultiva muitos
produtos agrícolas como laranja, cacau, amendoim e mandioca, entre outros. Ou
seja, a base para todo sustento se concentra na lavoura. Sempre vivi aqui e
conviver neste lugar está cada vez mais difícil, pois além da violência, a
agricultura não está garantindo o pão na mesa dos trabalhadores por duas
razões: primeira, algumas plantações como as laranjeiras foram infestadas por
uma praga de difícil combate; segunda, o preço das mercadorias, sobretudo da
farinha, caiu muito.
Apesar disso, amo morar neste lugar. É muito prazeroso acordar todos os dias
com o canto dos pássaros e longe do barulho infernal dos carros. Além do mais,
sentir o cheiro da terra
e ter o contato direto com ela é sensacional. Porém, vejo que não há condições
de residir nesse ambiente pelo resto da minha vida. Deste modo, é lamentável
perceber que as autoridades fingem não escutar o grito do trabalhador
rural que clama por socorro.
O LUGAR
ONDE MORO
Autoria:
Laiane Souza
Moro na
cidade de Santo Antônio de Jesus já há dois anos, e essa cidade por si já nos daria
muitas crônicas, mas escolhi falar sobre meu bairro e contar um fato muito
interessante que cotidianamente acontece por lá.
Primeiramente,
o bairro onde moro é o São Benedito. Não é tão próximo do centro da cidade, mas
é bem desenvolvido e encontramos por ali tudo que precisamos, temos um
pouquinho de tudo. Moro em um Loteamento chamado Asa Branca. Futuramente a associação dos moradores pretende
transformá-lo em condomínio, mas até então poucas pessoas moram lá, e muitos
terrenos baldios ainda são encontrados.
A
minha rua, em todas as manhãs, é muito quieta, nem parece que temos vizinhos,
mas isso é só pela manhã mesmo, pois a tarde a rua se transforma em um parque
de diversões para muitas crianças. Vemos de tudo nessa rua, é jogo de bola, cabra
cega, esconde-esconde, caça ao bandido, é muita diversão, mas um fato que me
chamou muita atenção foi ver muitas crianças brincarem de empinar pipas, uma
brincadeira tão simples e antiga que muitos nem se recordam mais.
São
tantas pipas que o céu fica colorido das mais diversas cores e tamanhos,
parecendo um arco-íris, e com essa brincadeira as crianças passam horas e
horas, nem sentem o tempo passar.
E ao
presenciar essas cenas de tantas brincadeiras me vejo a refletir, apesar de
tantas tecnologias, de celulares cada vez mais sofisticados, notebooks e tablets,
muitas crianças ainda preferem viver no mundo real a ter que ficarem trancafiadas
em um quarto vivendo em um mundo virtual de jogos e de redes sociais. As crianças
devem habitar em seu mundo, devem brincar, estudar e não se tornar precocemente
um adulto mirim.
MINHA INESQUECÍVEL MORADA
POR DUAS SEMANAS
Autoria: Maria Das
Graças
Uma extensa porção de terra. Salvador é a capital baiana. A cidade é a
porta de entrada para dois mundos: um desenvolvido e moderno, com construções e
prédios que transformam o cenário da cidade desvendando sempre um novo
horizonte; e o outro formado por ruas e casarões históricos.
O centro histórico da cidade é patrimônio da humanidade, é bem cuidado.
Os bairros do centro possuem igrejas católicas históricas, que podem ser
contempladas por moradores e turistas. porém
nem sempre é assim. Há muitas questões que precisam ser mudadas pelo governo da
cidade. Tem lugares que são um pouco
perigosos e ocorrem até assaltos, além de construções mal planejadas que
distorcem a beleza da cidade. Mas nada
disso muda o prazer em apreciar a belíssima paisagem de frente ao mar dentro do
Elevador Lacerda.
Andando pelo centro histórico, é impossível não admirar turistas de
vários cantos do mundo e artistas de rua produzindo sua arte no azulejo e
conhecer o artesanato feito por pessoas que vivem no local. Não pode sair de
lá, também, sem ao menos deliciar-se com o cheirinho típico de azeite do
acarajé. E claro, degusta-lo. Huuum, muito bom!
Quase quatro horas
da tarde e tem que dar uma paradinha no farol da barra, um dos principais
pontos turísticos da cidade. Pelo dia maravilhoso de hoje, acho que o pôr do
sol será exuberante, viu? A recomendação de quem passa por aqui é: sempre
admirar a beleza natural do abraço entre o sol e o mar, uma sincronia perfeita,
difícil de esquecer.