terça-feira, 28 de abril de 2015

O mistério da pedra

É lamentável saber que existem pessoas que não acreditam em poderes sobrenaturais. É lamentável o fato de eu estar dentre essas pessoas. Há muito tempo, uma senhora chamada Carmem Oliveira, de 60 anos, me relatou uma história absurda, inacreditável, comovente, recheada de lógica e envolvente. 

A história aconteceu em dezembro de 1967, num lugar chamado Serra da Jibóia, onde Carmem, na época com 15 anos de idade, morava. A Serra inspirava medo, sobretudo à noite, por causa do vento que assobiava estranhamente e os galhos das árvores que balançavam ao som do vento.
A natureza fazia esse ritual todos os dias. Ninguém daquela redondeza ousava entender esses sinais suspeitos da natureza; parecia que ela queria se manifestar de alguma forma para avisar algo muito importante aos moradores do local. 

Era noite de lua cheia, as aves cantavam no ritmo intenso do vento. Carmem resolveu sair de casa às 22:00 para meditar. Sua intenção era sentir de perto a presença do vento; era algo que ela fazia constantemente. Em suas mãos, um diário, no qual a adolescente escrevia fatos de sua vida. O ponto de escrita era em cima de um barranco que existia na serra, e o horário das produções era sempre o mesmo, depois da meia-noite. Não precisa fazer muito esforço pra perceber que Carmem não tinha hábitos normais, não é?

É importante destacar que esse hábito de escrever começou aos 13 anos. Para manter suas confissões em total sigilo, a jovenzinha escondia o diário todas as noites num buraco próximo ao barranco. Dessa forma, ninguém poderia encontrá-lo, principalmente sua mãe, Adélia Oliveira, que era bastante rigorosa e, apesar de amar muito a filha, não gostava de demonstrar afeto. 

Aos 13 anos, Carmem ainda gostava muito de brincar com suas bonecas, fato comum para a época, e até os 15 anos, as bonecas eram sua distração, além da leitura e escrita, claro. Vivendo numa família humilde, ela sofreu muito durante a infância e a adolescência. Havia dias em que Carmem e sua mãe ficavam sem se alimentar; era quando a seca atingia a região onde moravam. Sem condições financeiras, as duas dependiam dos alimentos cultivados na roçinha onde habitavam para sobreviver. Carmem se vestia com trapos, e por isto e também por ser muito magra, sofria criticas pesadas na escola. Toda essa triste realidade era descrita em seu diário.

O diário não era só um meio de desabafo, era de súplica também. A garota clamava por dias melhores, derramando lágrimas que caíam em cima de uma grande pedra que ficava pouco abaixo do barranco. Após 3 anos escrevendo, no último mês do ano, Carmem retornou ao barranco e percebeu que havia algo estranho na pedra; ela viu poucos riscos de letras, só que de forma desordenada, assim era impossível saber o que nela havia escrito. Ela ficou intrigada, mas voltou para casa sem suspeitas. No outro dia, repetindo o mesmo ritual de escrita, observou que a quantidade de riscos na pedra havia aumentado, e ainda assim, saiu de lá tranqüila, embora um pouco curiosa. Passaram-se sete dias e o número de riscos aumentou consideravelmente. Após 15 dias, as letras riscadas foram ganhando ordem, e foi a partir daí que o fato começou a assustar Carmem. A primeira frase formada na pedra foi a seguinte: “quero saber o que é felicidade, essa coisa que tantos dizem por aí, e que eu nunca tive oportunidade de sentir. Há anos que não vejo minha mãe sorrir. Há anos que não me percebo sorrindo”. Era um trecho dos versos que a adolescente escrevia em seu diário. Carmem ficou desesperada ao ver tal frase, e não conseguiu conter a agonia e o medo.


Como isso foi parar na pedra? Quem escreveu? É aí que reside o mistério. Essas eram as dúvidas da menina, que por mais que tentasse remover os textos que iam se formando na pedra a cada dia, não conseguia. Aquilo tudo estava impregnado feito tatuagem. Carmem passou a evitar as visitas a esse local, ficando cinco dias sem escrever no diário. Depois de cinco dias, a curiosidade foi maior que o medo, fazendo-a voltar ao local, o que lhe rendeu uma grande surpresa: a pedra estava completamente cheia dos seus textos, e ao redor dela havia um risco, como se indicasse que existia algo embaixo da pedra que deveria ser retirado. A garota, muito esperta, entendeu o “sinal do além” e pediu que alguns homens que trabalhavam nas plantações retirassem aquela pedra dali. Conseguindo tirar, assim que os homens foram embora, uma luz muito forte a envolveu. Abaixo da pedra havia um papel enrolado numa trouxa de pano velho em que estavam escritas as seguintes palavras: “Minha filha, quero te pedir perdão. Sei que errei muito com você e sua mãe, mas eu lhe peço que aceite meu pedido. Para compensar toda essa falta, lhe deixo todo o ouro que está escondido abaixo de uma pedra próxima ao único grande barranco que existe nessa serra. Te amo para sempre.”

Francisco Oliveira, pai de Carmem, quando esta tinha 3 anos de idade, após ter traído a esposa, morreu durante uma viagem que fez com a amante, mas antes de partir deixou esta carta nas mãos de Adélia para que fosse entregue à sua filha futuramente. Porém, Adélia, revoltada com a traição, após ler o conteúdo da carta, quis enterrar o passado junto com o ouro que Francisco havia reservado para a filha. No entanto, “forças ocultas” acabaram guiando Carmem ao local da carta e do ouro. Quando completou sete anos, soube da história da separação de seus pais, mas nunca foi informada da existência dessa carta. 

Ao ler a carta de seu pai, ficou muito emocionada, não pela notícia do ouro, mas pela atenção, mesmo que de forma escrita, que ele lhe deu antes de partir. Até então Carmem achava que seu pai foi embora sem dizer adeus, sem se importar com o que havia deixado para trás. Ela tinha um sentimento de abandono. Todavia, a carta lhe fez respirar um novo ar. Depois de retirar o ouro do local, voltou para casa como nunca havia voltado antes. Chegou em seu quarto, olhou-se no espelho e se viu sorrindo. Ali, ela conheceu a tão sonhada felicidade.

Quanto ao destino conduzir Carmem até o local da pedra é até aceitável, mas e as letras na pedra? Como isso pôde acontecer? São os poderes sobrenaturais se manifestando, e que apesar de inspirarem tantas dúvidas, nos dão possibilidades de acreditar em sua existência no mundo real. 


Autora: Bruna Leal (graduanda em Letras Vernáculas - UNEB Campus V)

terça-feira, 21 de abril de 2015

A importância da leitura

Para iniciar as atividades aqui no nosso blog, escolhemos este vídeo muito bacana no qual o Dudu destaca a importância da leitura na vida das pessoas. A explicação dele é muito dinâmica. Tenho certeza que vocês vão amar o vídeo. Confira: